Cientistas americanos disseram, neste domingo, que conseguiram pela primeira vez curar um bebê com HIV. Se for confirmado, o resultado pode alterar o tratamento dado a bebês filhos de mães soropositivas, além de ser uma esperança para reduzir o número de crianças que convivem com o vírus.
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Segundo a equipe médica, é o primeiro caso documentado de "cura funcional" de uma criança infectada pelo HIV, quando a presença do vírus é tão mínima que ele se mantém indetectável pelos testes clínicos padrões.
O caso foi apresentado em uma conferência em Atlanta, nos EUA, pela médica Deborah Persaud, virologista do Centro da Criança Johns Hopkins.
A apresentação completa acontecerá nesta segunda-feira.
A criança, uma menina que nasceu em uma zona rural do Mississippi, nos EUA, foi tratada com remédios antirretrovirais 30 horas de seu nascimento, um procedimento que não é o normalmente adotado nesses casos.
A menina, agora com dois anos e meio, está há um ano sem tomar medicamentos e não apresenta sinais do vírus.
Se estudos futuros comprovarem o resultado e indicarem que o método funciona com outros bebês, o tratamento de recém-nascidos infectados em todo o mundo deve mudar, dizem especialistas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, há mais de 3 milhões de crianças vivendo com vírus da Aids.
A médica Deborah Persaud, virologista do Centro de Criança Johns Hopkins, que diz ter curado bebê com HIV |
PRECAUÇÃO
Apesar da empolgação com o anúncio, especialistas na área ainda pedem cautela. Eles ainda não tiveram acesso aos detalhes do caso e dizem que ainda é preciso confirmar se o bebê realmente havia sido infectado com o HIV pela mãe.
Se não for exatamente isso, trataria-se de uma situação de prevenção, o que não é inédito em bebês nascidos de mães infectadas.
A equipe de médicos e cientistas que cuida da menina do Mississippi, no entanto, diz que foram feitos cinco testes positivos no primeiro mês de vida do bebê, o que comprovaria que ela estava infectada.
MÃE DESCONHECIA DOENÇA
Quando chegou a um hospital na zona rural, em 2010, a mãe da criança já estava em trabalho de parto. Ela deu à luz prematuramente.
Como a mãe não havia feito nenhum exame pré-natal, ela não sabia que era portadora do HIV. Quando um exame mostrou que ela estava infectada, o hospital transferiu a criança para o Centro Médico da Universidade do Mississippi, onde chegou com cerca de 30 horas de vida.
A médica responsável pelo caso, em entrevista ao "New York Times", disse que solicitou duas amostras de sangue com uma hora de intervalo para testar a presença o HIV no RNA e no DNA do bebê.
Os exames identificaram 20 mil cópias do vírus por milímetro de sangue, índice baixo para bebês.
Sem esperar os exames que confirmariam a infecção, a médica deu à criança três drogas usadas para tratamento, e não para a profilaxia. Com esse tratamento, os níveis do vírus diminuíram rapidamente, e ficaram indetectáveis quando o bebê completou um mês de vida.
Foi assim foi até que a criança completasse 18 meses, quando a mãe parou de levá-la ao hospital.
Quando elas retornaram, os testes deram negativo. Suspeitando de erro nos exames, ela pediu mais testes.
"Foi uma surpresa", disse a pediatra Hanna Gay.
Uma quantidade praticamente desprezível de material genético viral foi encontrado, mas sem vírus que pudesse se replicar. Por isso, segundo o grupo, foi uma cura funcional da infecção.
Após do início do tratamento, os níveis do vírus no sangue do bebê foram reduzidos em um padrão de pacientes infectados.
Mais testes ainda são necessários para verificar se o tratamento teria o mesmo efeito em outras crianças, mas os responsáveis pelo caso já comemoram.
PRIMEIRA CURA
O americano Timothy Brown, que acabou ficando conhecido como "o paciente de Berlim", é considerado o primeiro caso de cura do HIV.
Ele tinha leucemia e recebeu, em uma cirurgia na capital alemã, um transplante com células-tronco de um doador que era geneticamente resistente à contaminação pelo HIV.
Fonte: FOLHA
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